BEM VINDOS!
PÃO DE AÇÚCAR - AL
Jaciobá, o espelho da lua
Nos
engenhos da época colonial havia a moenda, as caldeiras de cobre, o
tendal das forças e a casa de purgar. Nessa última existia uma fôrma
ordinariamente usada para purgar e clarear os pães-de-açúcar. Como o
morro Cavalete, ali localizado, assemelha-se extraordinariamente àquelas
fôrmas de engenho, o lugar foi denominado “Pão de Açúcar”. Os índios
Urumaris, antigos habitantes daquela área, chamavam-na “Jaciobá”,
palavra de origem tupi que significa “espelho da lua”, numa clara alusão
ao reflexo desse satélite nas águas do Rio São Francisco.
HISTÓRIA -
A antigüidade daquelas terras foi atestada pela descoberta de um sítio
arqueológico no século XIX. Uma enorme quantidade de ossos fósseis de
diversas espécies, principalmente de paquidermes, foi encontrada nas
várzeas próximas. O governo provincial ordenou a exumação dos esqueletos
fossilizados sob a coordenação do Juiz de Direito João Rodrigues Vieira
de Carvalho e Silva. Foi enviada para o Museu Nacional uma grande
porção desses fósseis. A existência dos mastodontes naquela região
remonta a milhares de anos, segundo estudos feitos sob direção do
célebre naturalista Agassis.
Nos
primórdios do processo de colonização, a poderosa Casa da Torre
(Bahia), da família Dias d`Ávila, era proprietária de parte do
território atual do município de Pão de Açúcar. Mas os senhores daqueles
domínios não assinalaram a sua posse. Dessa forma, no início do século
XVII, por volta de 1611, índios e brancos começaram o povoamento
daquelas terras. Os índios Urumaris, provenientes da Serra do Aaracaré
(Sergipe), conseguiram do rei de Portugal, D. João IV, uma doação com
quatro léguas de fundo até a Serra do Xitroá, desde a Serra de Pão de
Açúcar, pelo lado do poente, até o Morro do Aranha, pelo nascente.
Deram-lhe a denominação de Jaciobá. Porém, os índios Xocós, que viviam
na Ilha de São Pedro, invadiram o local, venceram os Urumaris e se
apossaram do terreno.
Aquela
gleba estava em posse de Cristóvão da Rocha, proprietário da Ilha
Grande (Penedo), por volta de 1634. Mas passou para o domínio de
Lourenço José de Brito Correia em 7 de novembro de 1660. Ele montou a
fazenda Pão de Açúcar entre os morros Cavalete e Farias, onde implantou a
criação de gado. A referida fazenda passou por várias mãos até que, em
26 de fevereiro de 1815, foi arrematada em leilão pelo pe. José
Rodrigues Delgado e seus irmãos, o capitão Salvador Rodrigues Delgado e
Inácio Rodrigues Delgado. A partir daí, o progresso da região e o seu
conseqüente povoamento foram impulsionados. O desenvolvimento do núcleo
habitacional determinou a sua elevação à vila pela Lei nº 233, de 3 de
março de 1854, desmembrada de Mata Grande. Em 18 de junho de 1887, foi
elevada à condição de cidade pela Lei nº 756, sendo Serafim Soares Pinto
seu primeiro prefeito. Judicialmente, tornou-se comarca pela Lei nº
737, de 7 de julho de 1876. Contudo, em 13 de dezembro de 1905, pelo
Decreto nº 351, o Governo do Estado suprimiu o juizado, passando-o à
dependência de Traipu. Enfim, em 16 de janeiro de1907, a comarca foi
restaurada.
Um
dos episódios mais marcantes na história de Pão de Açúcar foi, sem
dúvida, a visita do imperador do Brasil, D. Pedro II. Quando de sua
viagem à cachoeira de Paulo Afonso, o monarca pernoitou na vila nos dias
17 e 22 de outubro de 1859. No seu diário particular, o imperador fez
referência elogiosa à vila, afirmando: “A vista do Pão de Açúcar é
bonita”. Consta ainda nos anais que, ao partir, D. Pedro II deixou
trezentos réis para ajudar os pobres.
Em
sua obra “Geografia Alagoana”, Tomás Espíndola informa que, por volta
do ano de 1871, a vila contava “uns 2.000 habitantes, vinte casas de
negócio, uma agência de rendas provinciais e outra dos Correios e duas
escolas de primeiras letras, uma para cada sexo”. Continuando a sua
descrição da vila, Espíndola afirma que existiam por lá “duas fábricas
de descaroçar algodão movidas a vapor e outras por animais, assim como
algumas de óleo rícino”. Ainda segundo o autor, havia plantações de
mandioca, legumes, feijão, algodão e mamona, além da criação de gado
bovino, ovino e caprino nas inúmeras fazendas da região.
No
início do século XX, pelo ano de 1922, de acordo com as informações de
Adalberto Marroquim no clássico “Terra das Alagoas”, o Estado mantinha
no município nove escolas públicas, sendo quatro na cidade e as demais
nas povoações que lhes pertenciam. Marroquim também nos revela a
prodigalidade da imprensa escrita naquele município, que contava
inúmeros periódicos, sendo que o primeiro a surgir foi o “Jornal de Pão
de Açúcar”, fundado em 1874 pelo Capitão José V. Cavalcante.
Quanto
à história do cristianismo nestas áreas, sabe-se que, desde muito cedo,
aquele território foi palco de diversas missões católicas.
Inicialmente, no século XVII, o movimento missionário católico, através
do seu ciclo sertanejo, acompanhou o curso natural do Rio São Francisco e
somente no século XVIII atingiu o agreste e o semi-árido do Sertão.
Esse ciclo catequético seguiu a ocupação colonizatória do espaço
geográfico alagoano, através do chamado movimento curraleiro, isto é, os
currais de gado ou latifúndios de exploração econômica da pecuária
leiteira e de corte. Naquela região sanfranciscana, viviam várias nações
alagoíndias, como os Urumaris e os Xocós, de Pão de Açúcar. A esses
povos indígenas ribeirinhos do São Francisco foram enviados missionários
católicos de algumas das grandes Ordens Religiosas, como jesuítas,
capuchinhos, franciscanos e carmelitas. Esses pioneiros da
evangelização, verdadeiros desbravadores e bandeirantes da fé,
realizaram o primeiro trabalho de catequese nas terras do atual
município.
A
Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Pão de Açúcar, foi criada em 11
de junho de 1853, pela Lei nº 227. O seu primeiro pároco foi o Pe.
Antônio José Soares de Mendonça. Atualmente, a paróquia é regida pelo
Monsenhor Petrúcio Bezerra e se encontra na jurisdição eclesiástica da
Diocese de Palmeira dos Índios.
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